sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Mitos do trabalho infantil doméstico

Esta parte do livro me provocou muito. Disseram os autores que alguns mitos são utilizados como argumento de legitimação da ocorrência do trabalho infantil. Vejamos:

1. É melhor trabalhar do que roubar – quem é trabalhador não é vadio (vadiagem era crime) – o Estado deveria garantir a propriedade com o uso da força sempre que necessário e também de formas “sutis”, como o presente mito.

2. O trabalho da criança ajuda a família – até 1950 a idéia do trabalho familiar decorre de cultura arraigada no imaginário agrícola – nesse contexto histórico que o trabalho da criança sempre foi considerado como mão de obra à disposição da família – naturalizando o uso da mão de obra infantil.

3. É melhor trabalhar do que ficar nas ruas – limpeza das ruas fundadas nos ideais higienistas. Meninos empobrecidos seriam associados à figura da delinqüência, e seu afastamento das ruas centrais era uma necessidade civilizatória. Na verdade era uma forma de desarticulação das reivindicações, restringindo-se o operário ao espaço da fábrica e da família.

4. Lugar de criança é na escola – o “afastamento das crianças das ruas”, espaço considerado potencialmente perigoso, foi realizado por meio da repressão jurídico-policial, onde o “bem-estar” da criança se faria no espaço “intra-muros” da instituição estatal. Furta, no entanto, a capacidade de as crianças apreenderem um pouco por si próprios, a partir de outras experiência não escolares.

5. Trabalhar desde cedo acumula experiência para o futuro – isso facilitaria acesso às oportunidades profissionais do futuro. O discurso individualista do “homem se faz” joga um importante papel no imaginário social. Revigora a ilusão das possibilidades de ascensão social no modo capitalista de produção.

6. É melhor trabalhar do que usa drogas – associava-se a idéia de infância com estigma social da delinqüência, propondo uma falsa solução de que o trabalho seria o redentor das drogas.

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